Cores na Infância

Quando o sol ainda não nasceu no horizonte temos no firmamento a cor das trevas (trevas aqui sendo entendida como a escuridão onde tudo está contido). Assim que o sol desponta no horizonte um misto de cores indo do violeta ao vermelho começa a aparecer. Em seguida, com a luz do dia chegando, surge a cor magenta como um misto de azul, vermelho, lilás, rosa e alaranjado.

Ao nascimento do sol no horizonte e sua jornada até o pico do meio dia relaciona-se o nascimento da criança e de sua consciência nesta sua vida aqui na terra.

Assim como o sol vai chegando a pino e seu amarelo vai ficando mais brilhante, também a consciência da criança vai ficando cada vez mais acordada à medida que cresce e se desenvolve.

Enquanto pequenina, a criança vive num estado de inconsciência (consciência de sono), pois toda sua energia está sendo gasta para formar e amadurecer seu corpinho que recém chegou ao mundo e que necessita ainda de muito trabalho interno para ficar pronto. Basta percebermos o quanto seu corpo se desenvolve e cresce nos primeiros anos de vida. Quanto trabalho interno!

As cores exercem uma atuação forte no seu desenvolvimento. Elas podem colaborar na formação interna de seus órgãos ou podem roubar-lhes energia prejudicando-os em sua formação, quando retiram a criança desse estado de sono e a trazem para fora e a sobrecarregam em seu sistema neurosensorial, sobretudo visual, trazendo-lhe um extremo cansaço e palidez.

Desde o útero da mãe a criança já vivencia a cor magenta.

Ao nascer, quando protegida da claridade ela vai recebendo devagar a luz do dia. Se nos seus primeiros anos de vida for devagarzinho sendo inserida nas cores que estão na frente do sol (as cores chamadas quentes), ela irá aos poucos ‘acordando’ em sua consciência, e seus órgãos internos dessa forma poderão ser formados com saúde.

O que vem a ser então cores que estão na frente do sol?

São as cores que vão do vermelho ao amarelo ouro: vermelho, salmão, rosa, alaranjado e amarelo ouro.

No ambiente da criança pequena as cores do amanhecer para a vida deveriam prevalecer ajudando-a a ficar o mais tempo possível nessa atividade corporal formadora sonhadora.

As outras cores que estão atrás do sol, chamadas de cores frias, amarelo limão, verde, azul e violeta, poderão estar no ambiente da criança, porém não em quantidade que sobrepõe às cores quentes.

O tom sempre pastel das cores no ambiente da criança pequena protegem-na do acordar precoce da consciência. Nos tons pastel sempre há a possibilidade do sonho; já a cor “chapada” nos leva a uma imediata consciência dela.

Devemos lembrar sempre que as cores ajudam e interferem na formação e manutenção orgânica da criança e do adulto, pois existe até a cromoterapia como auxílio na cura de doenças orgânicas e psíquicas.

Para o ambiente da criança pequenina quanto menos cores inadequadas estiverem presentes, maior será o benefício na formação de seus órgãos. Os móveis devem ter preferencialmente a cor da madeira e os brinquedos se possível as cores da natureza, e tudo sempre em tons pastosos e suaves colaborando para não solicitar da criança um acordar prematuro de seu intelecto. Toda vez que a criança recebe um estímulo, tanto os que entram pela visão como os que entram pela audição, olfato, paladar e tato, células nervosas estão sendo gastas para sua decodificação e registro.

A palidez infantil, a grande excitabilidade das crianças, o seu nervosismo ou apatia, muitas vezes são conseqüências do bombardeio neurosensorial que as crianças recebem de seu ambiente desde a mais tenra idade. Muito da tão falada hiperatividade da criança é causada por um ambiente inadequado a ela.

 

Pilar Tetilla Manzano Borba

Terapeuta Ocupacional, Pedagoga Waldorf
Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO
Professora no curso de fundamentação em pedagogia Waldorf
Orienta berçários, creches, maternais e jardins de infância
E-mail: pilarborba@gmail.com

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