Orientação para Maternal
Maternal não segue um ritmo rígido porque as crianças, por serem muito novinhas, ainda estão mostrando para nós as suas necessidades, e fazendo um ritmo conforme suas características particulares. Por isso que o grupo não pode ser muito grande. Oito no máximo por conta da individualidade de cada um que necessita ser atendida (fome, sono, colinho) individualmente.
Acredito que oito crianças para o maternal é um número razoável. Maternal precisa ter auxiliar. Maternal é como uma mãe com seus filhos. Nenhuma mãe sobrevive com dez crianças entre um ano e meio e três sem ajudante. Por isso, ter alguma criança maior sempre ajuda a professora com os menores, como numa família de mais filhos. Para os menores sempre é bom ter uma criança maior ajudando e a qual possam imitar, e uma auxiliar constante para ajudar no treino das atividades de vida diária, como lavar e enxugar as mãos ou por e tirar os sapatos, por exemplo.
O brincar fora sempre nos dias quentes fica melhor no início do dia onde o sol ainda não está muito forte. Já nos dias frios o brincar fora da sala fica melhor depois do lanche porque de manhã o pátio pode ainda estar muito úmido. Portanto quando muda a estação também muda a rotina nessa hora de brincar fora da sala.
Infelizmente, na maioria das escolas de educação infantil, o ritmo é feito de acordo com as conveniências da escola, quase nunca pensando na criança em primeiro lugar. Devemos lembrar que estamos ali para as necessidades das crianças e não que elas estão para se enquadrar nas nossas necessidades.
Quando a escola segue a pedagogia Waldorf e estuda e compreende o que é esse ‘ser criança’, procura dar um atendimento de melhor qualidade, baseado nas necessidades fundamentais da infância. Mas quando a escola visa quantidade de alunos e não a qualidade do atendimento, aí é que a professora fica exaurida e, tanto a professora quanto as crianças adoecem com freqüência.
Para a alimentação é importante que as crianças tenham fome, que tenham brincado e se movimentado muito. Muitas vezes o horário de lanche e das refeições, em muitas das instituições que atendem crianças pequenas é determinado pela rotina estipulada para as merendeiras e auxiliares de serviços e não pelas necessidades reais das crianças. Em muitos lugares a janta é servida às quinze horas, onde muitas dessas crianças só receberão alimento no dia seguinte quando voltarem à creche!
É bom lembrar sempre que para as crianças pequenas as atividades não são iguais às do jardim. Elas ainda requerem mais contato e atenção do adulto. Muito colo. Ainda não compartilham brincadeiras nem brinquedos. São ainda egocêntricas (e não egoístas) e dividir com as outras crianças para elas causa muita dor!
Nem sempre o ritmo que se faz acolhe a todos. É por isso que se tem uma auxiliar. Para que enquanto se está com algumas crianças em uma brincadeira a auxiliar fica com aquelas que não se interessam em participar dessa mesma brincadeira. O horário de sono também não é igual para todas. Umas necessitam dormir mais, outras menos; umas antes do almoço, outras depois.
A questão das atividades serem fora ou dentro da sala é uma questão de saber perceber quando as crianças estão precisando se expandir: correr, gritar, rolar, subir, descer, balançar etc., e quando estão necessitadas de entrarem e se recolherem para descansar, comer, usar o banheiro ou dormir.
Não dá para estimar quanto tempo é determinado para o brincar livre. O educador deve ter a sensibilidade de perceber quando as crianças começam a ficar indóceis, se machucarem, brigarem entre si, mostrarem sinais de cansaço, e que é hora de recolher ‘os pintinhos’ e ir para dentro. São as crianças que nos sinalizam a hora de sair e de entrar. Temos que aprender a observar nas crianças o que elas estão necessitando (xixi, sede, deitar-se, comer, tomar água, correr, colinho, se agasalhar...)
O importante no maternal é o espaço ser bem grande para que as crianças não se trombem, se machuquem, se mordam. O espaço deve possibilitar que elas se deitem, engatinhem, rolem, pulem, subam e se isolem em cantinhos, debaixo das mesas ou nas nossas saias, quando assim necessitarem.
Quanto menores forem as crianças menos dirigidas elas devem ser. As crianças pequenas têm, por questões fisiológicas, uma necessidade de movimentação constante. Com isso fica impossível ter um ritmo marcado por horários rígidos. Vamos percebendo quando elas precisam de mais espaço e deixamos que se expressem, que corram, gritem. E quando percebemos que já estão cansadas, as recolhemos para dentro ou para outra atividade.
A professora deve estar sempre ocupada enquanto elas brincam, fazendo coisas com sentido. Exemplo: lá fora no parque com um pano de limpeza começa a limpar os brinquedos; com as mãos ou um ancinho tira algumas ervas daninha da terra; com um rastelo junta as folhas caídas. Sempre há algo a fazer. Limpar uma janela, uma porta, varrer o chão, lavar um pano, estendê-lo para secar... Já dentro da sala, consertar os brinquedos, fazer um gorro para a boneca, arrumar a barra da cortina, limpar as gavetas... Quanto mais envolvida a professora estiver em sua tarefa mais as crianças brincarão independentes de nós.
Quando ainda são pequenas, não podemos deixar de fazer brincadeiras de colo com uma de cada vez. Por exemplo: serra-serra-serrador para trabalhar o vínculo afetivo, a propriocepção* de seu corpo, receber calor humano e estimular o sentido do tato e do equilíbrio. Toda criança gosta e necessita muito do contato humano.
*Propriocepção, também denominada como cinestesia, é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno. (Fonte: Wikipedia)
Pilar Tetilla Manzano Borba
Terapeuta Ocupacional, Pedagoga Waldorf
Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO
Professora no curso de fundamentação em pedagogia Waldorf
Orienta berçários, creches, maternais e jardins de infância
E-mail: pilarborba@gmail.com

Olá querida, gostaria de saber sobre o Maternal da tarde, como seria o ritmo, mesmo sabendo que a criança de maternal não dá para ser tão rígido, mas pensando em um Maternal de 3 anos. Qual sua sugestão para o ritmo a tarde na escola?
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