Prontidão para a Alfabetização

Quando se fala em prontidão para a alfabetização logo se pensa em leitura e escrita.

Prontidão escolar é muito mais que isso. É perceber sensorialmente formas, é orientar-se no espaço, perceber direções, lateralidade e ter equilíbrio. É orientar-se no ritmo, é saber ouvir, estar atento, ter concentração e sobretudo é conhecer o sentido do que está percebendo; conhecer as palavras, suas relações e seu simbolismo. É poder controlar o corpo, inibir movimentos amplos para usar motricidade fina.  

Mas tudo tem seu começo e é desde o ventre materno que a criança adquire a linguagem falada ao ouvir sua mãe. Depois que nasce, as cantigas de ninar, a conversação entre os pais e com o bebê colaboram para enriquecer seu vocabulário, assim como mais tarde os contos de fadas, tão apreciados pelas crianças, ajudam a criança a aprender ouvir e a escutar com atenção.

As brincadeiras de corpo como rolar no chão, se arrastar, engatinhar, cambalhotar, pular, andar, correr, girar, subir e descer escadas, pular corda, colaboram para a aquisição da coordenação motora, para o equilíbrio e a percepção corporal de si e sua relação com o espaço circundante. Dessa forma, a criança, vivenciando ativamente as três dimensões no espaço, se prepara para a aquisição da escrita e da leitura.

As habilidades motoras finas que o exercício da escrita exige vem muito depois da criança ter usado seu corpo todo nas brincadeiras livres e de parquinho (balanço, escorregador, trepa-trepa, gira-gira, gangorra, terra, areia e água).

Vivemos num mundo onde letras são vistas em todo canto como nos anúncios, nas propagandas, embalagens, roupas, tapetes, cortinas, nos brinquedos e até nos utensílios de cozinha. No entanto a criança só irá escrever, ler e entender quando neurologicamente estiver amadurecida para isso. O caminho é muito longo e requer um amadurecimento também na parte emocional da criança. A entrada na escola exige que a criança aprenda a compartilhar a atenção da professora com mais crianças; exige que ela entenda, compreenda e aceite as regras; que saiba lidar com frustrações e obrigações; que saiba esperar a vez e ter autonomia nas atividades de higiene, vestuário e alimentação, entre tantos outros quesitos que o amadurecimento propicia.

     

Terapeuta Ocupacional, Pedagoga Waldorf

Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO

Professora no curso de fundamentação em pedagogia Waldorf

Orienta berçários, creches, maternais e jardins de infância

pilarborba@gmail.com

Comentários