Coordenação Motora Fina para a Escrita e Trabalhos Manuais como Costurar e Bordar
A criança pequena se movimenta em bloco e aos poucos vai se organizando em seu corpo e coordenando seus movimentos para depois dissociá-los. Por volta dos três anos as dissociações começam a se estabelecer. A criança pode se sentar sobre um caixote e balançar alternadamente suas pernas, divertindo-se com o movimento e o ruído que provoca. Mas ainda possui muitas sincinesias, ou seja, quando executa um movimento com algum membro do corpo outro membro também se movimenta interferindo assim na realização práxica, principalmente nos envolvimentos musculares globais, contaminando a motricidade mais específica, e nas contaminações homolaterais.
Por exemplo: se uma mão se dirige para um objeto, num movimento rápido, a outra mão a acompanhará. Os movimentos de pulso e de dedos provocarão movimentos homolaterais similares. As caretas são freqüentes na tentativa de realização de movimentos finos. Quando usa a tesoura antes do amadurecimento neurológico, movimenta a boca como se estivesse mastigando. É preciso um bloqueio corporal (neurologicamente falando: uma inibição neural) para que o gesto mais preciso se realize sem ter que movimentar outras partes do corpo.
A criança só se libertará das sincinesias aos sete anos, quando os dedos alcançarão a prontidão necessária para a escrita.
Quando incentivamos uma criança menor de sete anos a fazer uma atividade fina como bordar, costurar ou escrever, estamos exigindo uma inibição da musculatura global que ela ainda não possui. A maturidade neurológica para tal habilidade fina ocorre no tempo e não na hora em que queremos.
A criança que faz atividade fina antes do seu amadurecimento neurológico acaba tensionando vários grupos musculares. Mais tarde poderá ter dores musculares e desvios posturais que prejudicarão sua postura, seu rendimento escolar e de trabalho.
A criança em idade inferior aos sete anos necessita antes de tudo de programas educacionais onde possa movimentar o corpo todo, usando as grandes articulações até que, uma vez tendo alcançado coordenação motora ampla e equilíbrio, possa permanecer parada, numa posição equilibrada a fim de produzir, então com suas mãos, atividades finas específicas como escrever, costurar e bordar.
Texto elaborado com base no livro: Psicologia do Desenvolvimento – A Idade Pré-Escolar, Volume 3, de Clara Regina Rappaport, Wagner Rocha Fioro e Cláudia Davis, Editora Pedagógica Universitária Ltda, São Paulo.
Terapeuta Ocupacional, Pedagoga Waldorf
Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO
Professora no curso de fundamentação em pedagogia Waldorf
Orienta berçários, creches, maternais e jardins de infância
E-mail: pilarborba@gmail.com
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