Educação e Autoeducação

 

Aurélio: Educação é:

- um processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social;

- conhecimento e prática dos usos de sociedade; civilidade, delicadeza, polidez, cortesia. “Vê-se que é uma pessoa de muita educação”.

Educado:

- que recebeu educação;

- que se educou – auto-educação.

Educando:

- aquele que recebe educação.


Por que escolhemos uma escola Waldorf para nosso filho ou para lecionarmos nela?

Porque queremos, almejamos, algo melhor para eles e para nós.

Esse algo melhor é o que nos move. O que é isso? É tornarmos mais humanos, mais sensíveis e dessa forma tornarmos o meio social em que vivemos mais civilizado.

Devemos trabalhar mais valores humanos, e menos competitividade e busca pelo material.

Devemos separar o supérfluo do essencial, o essencial do acessório.


Uma escola Waldorf existe para os pais e os professores se auto-educarem. A escola é para os pais e professores. O aluno é apenas o meio para que os adultos se lapidem. E esse se lapidar, por vezes, é um exercício muito árduo. É necessário admitir as dificuldades, os defeitos e ser humilde.

Para que isso ocorra há o espelhamento: vejo no outro aquilo que tenho em mim. Por isso nos incomodamos tanto. O trabalho interno tem que ser nosso.

A imagem é aquela em que todos vivemos numa fila indiana onde todos carregam uma mochila nas costas e colocam as coisas boas, as virtudes na parte da frente e as coisas que não gostamos na parte de trás. O outro só enxerga o que está atrás de nós. Os nossos defeitos que também são os dele.

O fato de enxergarmos os defeitos dos outros e percebermos que também são nossos nos dá a oportunidade de transformá-los em virtudes.

Por essa razão é que precisamos dos outros: para enxergarmos nossos defeitos e para querermos ser sempre melhores em valores morais.


Quais os predicados, as características positivas que esperamos de um ser humano adulto?

- coerência - autenticidade

- confiança - comprometimento

- honestidade - cumplicidade

- gentileza - altruísmo

- pontualidade  - bondade

- respeito - ordem

- limpeza - franqueza

- organização - acolhimento

- atenção - ‘ouvinte’

- humildade - sinceridade

- colaboração - responsabilidade

- sensibilidade - polidez

- ordem - verdade

- comprometimento

- ...


Quais as características que não gostaríamos de encontrar num ser humano?


- Irresponsabilidade - mentira

- atraso - sujeira

- falta de objetividade - ansiedade

- preguiça - acomodação

- egocentrismo - falta de comprometimento

- grosseria - desonestidade

- preconceito - agressividade

- falta de respeito - julgamento

- falsidade - desorganização

- desconfiança - estupidez

- arrogância  

- …



A criança se educa através da IMITAÇÃO (células espelho). Ela, na infância é imitação pura. Espelha-se em nós para se afirmar no mundo. Ela nos admira e acredita piamente em nós. Portanto, nossa tarefa como educadores é de sermos modelos dignos que possam ser imitados, os quais a criança admira e acredita.

Eu me pergunto: que adulto sou eu que sirvo de exemplo para imitação?

Quais meus valores, minhas qualidades positivas e negativas?

Educamos por 21 anos nossos filhos e alunos. Depois dos 21 vem a autoeducação, onde cada um se educa a si mesmo de acordo com suas crenças e sua procura por modos e caminhos que escolher trilhar na vida.

Educar é como polir a pedra bruta na qual existe as qualidades inerentes da verdade, da beleza e da solidez.


Criança precisa de limite. E sabemos impor o limite? Conhecemos o que a criança é capaz de fazer sozinha? De escolher, por exemplo, o que quer comer, o que quer assistir na televisão, o que quer vestir?

  • Limite

  • Bom senso

  • Discernimento

  • Conhecimento

  • Parâmetro

Tudo isso são predicados na educação que o adulto/educador deve dominar.


A criança nasce com um impulso volitivo, isto é, uma vontade enorme de estar nesse mundo, de fazer parte dele, de agir. Essa força, segundo a antroposofia, vem do mundo espiritual, quando ainda na vida passada essa individualidade se esforçou em ser cada vez melhor. Por isso na infância a criança ter tanta energia e vontade de atuar no mundo. Por isso também que devemos mostrar-lhe que o mundo é bom, bonito, e só mais tarde, na adolescência, onde o julgamento já despertou, mostramos um mundo real.

A criança nos imita desde os gestos, as palavras até nossos pensamentos e sentimentos. É a força de vontade minha, como educador, que educa a criança para ser cada dia melhor nas virtudes e nos valores que consideramos humanos.

Rudolf Steiner nos ensina os exercícios para os dias da semana retirados do Óctuplo Caminho de Buda:

Sábado: Pensamento Correto

- Prestar atenção às representações mentais (pensamentos).

- Só efetuar pensamentos relevantes.

- Aprender a distinguir o essencial e o acessório, entre o eterno e o efêmero; entre a verdade e a mera opinião.


Domingo: Decisão Correta

- Deve-se sempre ter, para tudo, razões bem ponderadas.

- Decidir-se somente na base de uma ponderação fundamentada.


Segunda-feira: Palavra Correta

- Falar de forma pensada, em todos os sentidos.

- Primeiro escutar e depois digerir.

- Só falar o que tiver sentido e significado.


Terça-feira: Ação Correta (Marte)

- Ponderar de antemão a fundo os efeitos da nossa atuação.


Quarta-feira: Vida Correta

- Viver de acordo com a natureza e o espírito, não se dissipar nas ninharias exteriores da vida. Evitar tudo que traz a irrequietude e a agitação. Hábitos corretos.

- Não atuar apressadamente, mas tampouco ficar indolente.


Quinta-feira: Aspiração Correta

- Olhar para além do imediato e do dia a dia.

- Fixar metas ligadas com os deveres mais elevados do homem. Aspiração humana.


Sexta-feira: Memória correta

- Lembrança do que se experimentou, do que se aprendeu.


As crianças necessitam de direção dos outros. Elas não nascem sabendo, pois necessitam serem educadas com:

- limite

- bom senso

- discernimento

- parâmetros

- amor

É o adulto que deve saber o que é melhor para a criança e quem escolhe por ela e dá os limites.

Pilar Tetilla Manzano Borba
Terapeuta Ocupacional, Pedagoga Waldorf
Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO
Professora no curso de fundamentação em pedagogia Waldorf
Orienta berçários, creches, maternais e jardins de infância
E-mail: pilarborba@gmail.com

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